domingo, 27 de março de 2011

Olhando..

"Cheguei à última década. Conto os dias, como um milagre. Os meses, como uma desfaçatez. Os anos, como um acontecimento digno de registo. Às vezes olho a minha família, perfeita ou imperfeita, com a sensação de pertencer-lhes como um desvio permitido. As paixões de outrora têm apenas o perfume de outrora; as paixões da idade adulta relembram um olhar, uma conversa, um passeio pelos cafés, cartas trocadas sem dizer o que deviam dizer – sempre oportunidades perdidas que não mudariam o essencial da vida desta velharia minhota estacionada em Moledo."


in OrigemDasEspécies

sábado, 26 de março de 2011

Paisagem I

A claridade ziguezagueia por entre as árvores, navegando o nevoeiro matutino. O cheiro sadio do bosque mistura-se com o silêncio murmurante. As folhas caídas aquecem a terra, recobrindo-a de um manto confuso. Cada passo ecoa na mente e no ar. Rasgos de céu azul. Aqui se espera. Aqui a calma é serena. Aqui o tempo não magoa. Aqui a vida não parece ansiosa. Deambular é só isso. E basta.

quarta-feira, 23 de março de 2011

RIPes

Será que a Elizabeth Taylor e o Arthur Agostinho se encontraram na fila dos VIP's lá em cima? Se sim, do que terão falado?..

Peúga

As namoradas são como as meias. Mantém-te quente e avisam-te para cortares as unhas dos pés. Tratem bem as vossas peúgas.

domingo, 20 de março de 2011

Sobre o Sol..

Passei por ti e sonhei, ontem. Ainda hoje quanto te vejo, vejo ontem. O cheiro da manhã sabe tão bem no teu pescoço. Rabisco folhas, as palavras alinham-se, por sua vontade e risco. Os pequenos devaneios acumulam-se a caneta nos cantos e nas bordas da folha. E só te vejo a ti. Aprisionei-me e agora não sei como sair. Decerto ficarei aqui para sempre. Trarei cá pessoas para me visitar. Falar-lhes-hei como se fosse a ti. Esperarei que se riam com o teu sorriso. Olharei para elas e vir-te-hei a ti, esperando que me olhem com o teu olhar. Sei que apanhei perpétua. A ideia não dói como doía. É uma cicatriz do antigamente. Só se nota se olharmos bem, e aí, consegue-se distinguir a ténue linha branca que risca a pele. Ontem ficou hoje. O sol com a sua luz decidiu. E nessa nova claridade procuro a porta.
Rei sem reino.
Rei sem saber.
Rei de imensidão do nada.
Rei foi nos tempos passados.
Rei de si.
Rei sem rainha.
Rei que fui.
Rei que quero ser.

Será a vida clemente?
Com quem quis conquistá-la?
Despudor ambicioso.
Bem mal feito.
Vazio de esperança.
Sonho adiado.
Por ti tentei.
Por ti falhei.
Que sobra,
quando tudo é testado?

Parce que..

Parce que l'odeur du sang des blessés attire les vautours. Não se deveria poder dizer Amo-Te com impunidade.

segunda-feira, 14 de março de 2011

sábado, 12 de março de 2011

Sobre Alegria Espontânea

Ontem encontrava-me na estação de Metro da Trindade à espera do metro e estava a ouvir "Mais que nada" de Sérgio Mendes e aquela música pôs-me mesmo bem disposto e deu-me vontade de "dançar" ou "deslocar-me" ao som daquela melodia deliciosa e coibí-me.. Foi triste não me ter libertado da pressão das normas sociais e ter dançado ali mesmo. É muito estúpido! Espero que não volte a acontecer e daí nem sei o que será melhor. Mas parece-me que há algo de errado em não dançar quando se tem vontade. Um pouco como não rir quando dá aquela gargalhada ou bloquear o elogio quando receamos ser mal interpretados. Deve-se sempre dançar quando temos de dançar.