terça-feira, 26 de abril de 2011

A Paz das Reticências

http://www.youtube.com/watch?v=WJpQJWpVJds

Que dia perfeito. Que dia mais que perfeito. Como foi bom estar ali, contigo, só estar. Sem mais nem demais. Sem ideias e nem intenções. Sem demasiadas palavras, apenas as necessárias ou as que faziam sentido. Desfrutar o momento, mas um momento que não passou logo, que foi passando. Nada foi importuno. Foi só assim e foi tão perfeito. Daqueles dias que levamos connosco a vida inteira. São um refúgio nos momentos de tormenta. Um asilo para a alma. Um abrigo na chuva. Um momento que cabe nestas reticências. Só estar...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Grito na conversa

Sabem aquelas conversas que se fazem com os amigos. Aquelas que já não custam, que se fazem sem querer, aquelas em que o vazio dos silêncios já não incomoda tal é o à-vontade. São um oásis de conforto no barulho ensurdecedor do mundo. São um cantinho de casa em qualquer lugar. E quando nessas conversas tens confidências que gostarias de fazer mas tens receio de ser mal entendido. Coisas que gostarias de partilhar mas tens medo que possam causar demasiado impacto no ouvinte ou que a reacção não seja em conformidade com a importância que aquilo tem para ti. É como ter um grito preso na garganta que no entanto não te impede de falar, de acrescentar banalidades e espirituosidades até. Só que lá está, nem é um berro, nem é aquele grito contido que se transforma em silêncio, é um grito murmurante, um grito falante, um grito de conversa. A mente viaja e contorse-se em agonia, medo e desespero enquanto a língua continua o seu trabalho de coloquialidade. A isso chamo um grito na conversa. E lá por ter barulho de fundo não o torna menos agudo e ensurdecedor.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Um menino mal comportado

Era uma vez um menino chamado Portugal. Era um pequeno rapaz muito simpático e brincalhão, mas era muito desastrado! Um dia, estava a brincar com os PEC que a mamã dele, a Dona República Portuguesa, lhe tinha oferecido. Só que o cachopo era tão azelha que deu cabo dos PEC's todos. Até chegou a tropeçar num e deu cabo dos seus rins financeiros! Foram ao Dr. União dos Países e Europa que lhe deu uma receita de empréstimo a tomar três vezes ao dia. O papá do pequeno Portugal, o Sr. FMI, lá foi aviar a receita à Banca Internacional do bairro e deu um  raspanete ao menino: "Portugal, é a segunda vez que isto te acontece! Doravante, ou tens cuidados com as tuas finanças e a tua política ou ficas de castigo e não te deixo mais brincar à bola com o Benfica e com o Sporting! Estamos entendidos?"

terça-feira, 5 de abril de 2011

C'est la vie!

Ô douceur amer des jours de soleil. Le ciel est bleu clair mais le coeur est d'un bleu de mer tourmentée. Les questions s'accumulent et se superposent. Les réponses s'évadent comme le sable entre les doigts. La vérité fuit, le sentiment s'estompe et s'aiguise. La volonté n'y est pour rien. Comme un tronc orphelin de terre balloté par les vagues, l'homme pleure sa détresse et espère.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

meninos de colo: E só lá

meninos de colo: E só lá: "Relembrei-me agora da sequência final de Atonement, mas há coisas que parecem funcionar melhor ficcionadas. O cinema não é a vida, é uma vid..."

domingo, 3 de abril de 2011

Il est bien la peine de faire tant de simagrés à la vie.


 Acordei bem disposto de manhã. O sol, especialmente se ausente durante algum tempo, tem esta capacidade de fazer sorrir despropositadamente. Mas se formos ver as coisas como deve ser, não é por nada e não é preciso fazer disso mais do que o que é. Fiz o pequeno-almoço, cereais com leite frio e um café com leite e açúcar em chávena grande. Tomei o pequeno-almoço. Lá fora já havia um movimento bastante. Hoje não acordei muito cedo e as pessoas já estavam ocupadas. Liguei o computador, li algumas notícias, ouvi algumas músicas e vi um blogue ou outro. Fui tomar banho e vesti-me. Não gosto muito de sair nos dias em que acordo mais tarde, fico com a sensação que as pessoas acham que já devia ter saído há mais tempo, como elas, e ter trabalhado um pouco. Saí, o sol já estava bem estabelecido no céu azul e dardava os seu calor sem considerar a roupa das pessoas, calor indiferente ou indiscriminado. Havia ainda algumas pessoas no passeio mesmo se ainda não era hora de almoço. Cada um seguia, o passo de acordo com o seu dia. Pensei que podia ir até à Praça ver as pessoas e as frutas do dia. Pus música nos ouvidos e caminhei em direcção concordante.  Um casal equilibrava-se precariamente para estar abraçado e aos beijos, ao mesmo tempo que aproveitavam para adiantar caminho. Ela era bonita até. Ou pelo menos parecia ter bons beijos. Os reformados iam em solitário tentando não incomodar todo o movimento jovem. O vagar não é fácil a partir de uma certa idade. As senhoras das lojas vinham à porta fumar um cigarro com a maquilhagem e a chatice. Acho que elas não gostam de ver muitas gargalhadas a andar de um lado para o outro quando sabem que a gargalhada delas está presa ali até às sete. Eu percebo-as. Ninguém gosta de rir sozinho. Era para apanhar o metro mas como não tinha nem calor, nem frio, nem pressa, resolvi continuar a pé. Vi uma cara conhecida que me disse olá, também disse olá e acenei a cabeça.  Acho que era da minha faculdade. Continuei em diante, o meu irmão diz: “para trás mija a burra” e tem razão. À medida que o numero de lojas aumentava, também o número de peões. Já havia de tudo, famílias em convívio dominical, adolescentes a mostrar ao mundo que existem, casais novos e velhos a vaguear com mais ou menos amor, indivíduos em unidose que vindos do ponto A iam inequivocamente para o B. Finalmente cheguei à Praça. Sentei-me num banco e fiquei a descansar um pouco do caminho e das pessoas. Era um dia bonito, estava sol.