sexta-feira, 27 de maio de 2011

Aeroportos

Apanhei o avião pela pela primeira vez quando tinha 3 anos. Obviamente esse acto não constitui a minha memória consciente actual. Mas agora que sou mais velho, agora que tenho alguma consciência, agora que tenho veleidades de conhecimento. Que lugar perfeito. Lugar de passagem. Lugar de transferência entre A e B. A vantagem de lugares desses, de escalas, é que não obrigam ao absoluto, ou se obrigam a tal, obrigam a um novo início. O aeroporto é o sítio dos inocentes. Ninguém é culpado dos pecados passados num aeroporto. O aeroporto é lugar de absolvição do passado e de um futuro novo, fresco, imaculado e sempre promissor, por maiores que sejam os remorsos. Aeroporto é liberdade que nem a revolução francesa nem Abril conseguiram idealizar. É lugar perfeito e imperfeito. É lugar de paz temporária. É "duty free" e poderia-se dizer o mesmo da responsabilidade. Lugar de fuga excelso e lugar de partida ideal. Não poderia desejar melhor lugar a alguém, mas talvez também não pudesse desejar pior eternidade. Finalmente. a Filosofia é uma religião como outra qualquer. Mas um aeroporto, é onde o Homem sonha o céu..

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Narcisicamente: Peniche

Narcisicamente: Peniche: "* Já me disseram que a gente que nasce e vive ao pé do mar é mais pura. Penso que o mar dá uma qualidade especial à fantasia, ao desejo e à ..."

sábado, 14 de maio de 2011

Cores

A cor da imensidão do vazio tem o condão de acalmar e aterrorizar. A força poderosa da indiferença, armadura sem falha nem fraquezas. O prazer da esgrima argumentativa no calor de uma reconfortante amizade. O sofrimento da estranheza de um povo surrealista. Um mundo com leis desconhecidas. Um lugar de paixões perdidas e amizades truncadas. Uma azia social. Uma descoberta sem fim. Uma cansada curiosidade insaciável. A visão que acaba quando a saia cobre a perna deixando à imaginação um caminho demasiado cumprido para percorrer sem percalços. Calor abafado de uma alma perdida. Suor de uma noite de ânsia sonolenta. A linha que une o mar ao céu desenha-se com a fé de um dia melhor e apaga-se com a cor da imensidão do vazio da noite.

Um olhar apanhado, um sorriso conquistado, a música de uma gargalhada vale a salvação de uma razão perdida? A veracidade da compreensão interpretativa do indivíduo alienada da realidade pelo mistério do saber de uns e pelo sentimento doutros. A verdade que se procura todos os dias numa busca incessante e inglória. Paz apenas alcançada no silêncio do sono. Dormência de uma vida passada. Sensações que entorpecem a alegria de estar. Glória, Glória. Aleluia. Pá Puta que o Pariu.