terça-feira, 24 de abril de 2012

Noctivagar sentado

Caracterizar o prazer da calma noite por palavras. No limite do estúpido. Tentemos. O silêncio, sereno e pacificador benfeitor para almas de alguma tormenta. O barulho do dia é tão intenso, numa cidade, que devia de haver postos de silêncio espalhadas pela urbe para os aflitos de sons. Dificilmente se passam bons momentos consigo próprio, sem um silêncio de quando a quando. Até os barulhos ganham outra cor, quando enquadrados numa moldura silenciosa. O carro a passar. Ao longe, perto e ao longe de novo. E depois nada. Contentamento. Uma gargalhada de mulher com o seu indutor ao braço. Longe, perto e longe de novo. Uns passos no andar de cima. Provavelmente, uma bexiga idosa a pagar a vida que passou. Uma porta mal apetrechada que assinala a corrente de ar. Depois, esporádicos, sons incaracterizáveis. Talvez tenha sido a mala de um carro a ser fechada. Talvez não.

(barulho é uma palavra incivilmente estranha. faz de conta que não falas português. agora na pele dum estrangeiro, pronuncia-a, devagar. parece o nome de um animal quadrípede comum mas não doméstico, não? Regarde le "barulho" qui monte à l'arbre! Do you see the "barulho" picking the trash? Estes barulhos são uma praga na cidade. Pior que as gaivotas!)

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