domingo, 4 de março de 2012

Aurore Boréale

Levo duas vidas.

Uma está a correr bem, é empolgante, os projectos sucedem-se, o sucesso sorri-me, está sol. Essa está cheia de pessoas e gargalhadas, trabalho e desafios. É uma óptima vida! É uma vida que me desejo e desejaria a toda gente. Nessa vida riu e faço rir. Motivado, motivo outros. É uma vida sem medos e receios insensatos. Cheia de histórias, de conversas, jantares e livros, teatros e passeios. Os amigos acompanham-me nessa jornada e sustenta-mo-nos uns aos outros. O caminho nem sempre é fácil e raramente é claro, mas as escolhas fazem-se e afinal, é isso viver. Nessa vida tenho uma família que amo e que me apoia. Sou incrivelmente sortudo e a única maneira legítima de a agradecer é aproveitá-la e ajudar quando posso outros a terem a minha sorte. Essa é uma.

Outra, vive por momentos, na sombra, longe de olhares, no segredo da minha alma. Essa vem quando lhe apetece. Vem sempre acompanhada do teu sorriso. Toma a forma de um romance do século XIX ou de um daqueles clássicos intemporais, seja de que literatura for. Vem como uma música ou como um debate filosófico. Essa tem vida própria, no entanto, vive dentro de mim. É curioso porque descrevê-la é tão fácil quanto difícil, por mais antagónico e sem sentido que a afirmação pareça. Não a controlo. Pode vir quando está sol ou quando chove. De dia ou de noite. Às vezes é uma carícia perfumada trazida pela brisa, outras vezes é o teu olhar numa paisagem, numa flor, numa árvore. Mas o seu momento preferido é ao final do dia quando o sol aquece a sua última luz. Esse sol lembra-me de ti. Esse sol tem saudades tuas.

2 comentários:

Tiago Costa disse...

Dear, is this the lonely hearts club band? As I sure can play the tambourine.

Manel Pessoa disse...

one is never lonely with a good book, or a good friend if i may add